
A paixão pode mesmo deixar a pessoa cega, alerta especialista
Conheço um casal que se diz muito apaixonado, mas que não consegue conviver sob o mesmo teto, porque briga muito, quase que o tempo todo. Os dois discutem por qualquer coisa e, às vezes, chegam a partir para as agressões físicas e verbais. Ambos são ciumentos, daquele tipo doentio, obsessivo mesmo. Por que, então, não se separam? Segundo eles, a explicação é simples: porque se amam demais. Será mesmo? A psicoterapeuta Maura de Albanesi não acredita neste tipo de amor, e alerta: Quando estamos apaixonados não conseguimos enxergar a realidade como ela é. Atitudes obsessivas demonstram um estado de desequilíbrio emocional, e não amor.
A moça se sujeita aos porres do namorado _ que é quando ele fica mais agressivo e a destrata verbalmente _ porque diz que quando ele está de cara limpa é ''um homem bom e companheiro''. Ela se anula, e esquece rapidamente as ofensas, reafirmando que quer continuar vivendo ao lado dele. Maura de Albanesi, que possui mais de 30 anos de atuação na área, tem uma explicação para esta atitude (infelizmente, aliás, bastante comum). ''Muitas pessoas confundem amor com paixão obsessiva e acham lindo viver em razão de alguém, esquecendo de si mesma. Embora isso pareça bonito, é, na verdade, muito triste e perigoso''.
A psicoterapeuta cita casos atendidos em seu consultório nos quais a paixão/obsessão se tornou um perigo. Houve, por exemplo, uma paciente que se apaixonou e só ela não percebeu que o cara era um bandido. Ela enaltecia um lado bom dele que talvez nem existisse. ''É uma projeção total, por isso que a paixão é um estado de desequilíbrio emocional'', analisa a especialista. E vai mais além: Muitas vezes a pessoa apaixonada não consegue enxergar a realidade. Tanto que quando a paixão vai embora, ela se pergunta como foi gostar de alguém assim.
Maura de Albanesi explica que o amor tem outras características. É quando você vai além do lado bom e olha também os defeitos da pessoa, e não se incomoda tanto com eles, mas sabe reconhecê-los. Quando os defeitos não são empecilhos para o romance e para a vida a dois. Um detalhe muito importante: Isso só acontece, diz ela, quando a pessoa ama primeiro a si própria, e quando não projeta a sua felicidade e sua realização pessoal no outro. ''Condicionar a sua felicidade à presença da outra pessoa é abrir caminho para a frustração'', adverte.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
AM