
Pediatra alerta: "Crianças que brincam ao ar livre se desenvolvem melhor em todos os aspectos"
Vinicius da Costa Ávila, médico pediatra há 30 anos, atua na UTI do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, e no consultório com pediatria integral e homeopatia, é defensor das atividades ao ar-livre para as crianças. Leia entrevista sobre o assunto:
Quais os tipos de atividades mais estimulam as crianças?
Os passeios ao ar livre, de preferência em locais longe da poluição, com ar puro, e na companhia de outras crianças são muito benéficos. Locais amplos evitam até a incidência de miopia, pois a criança busca objetos mais distantes com o olhar. Outro estímulo importante é o da música. O cérebro da criança que tem contato com instrumentos apresenta mais conexões cerebrais e desenvolve melhor a lógica. O mesmo não acontece com os brinquedos com sons digitais, pois apresentam outra frequência de vibração. Ficar com a criança embaixo de uma árvore frondosa também traz benefícios imensos, como a capacidade de contemplação. As atividades esportivas quando inseridas precocemente elevam as chances da criança ser ativa e não sedentária no futuro.
E como avalia o contato com os animais?
É muito positivo, principalmente com os mamíferos, como cães, gatos, cavalos etc. Esses animais apresentam toxinas que estimulam o sistema imunológico das crianças. Portanto, programas em que as crianças tenham contato com animais, como hotéis-fazenda, são excelentes.
Quais os benefícios das atividades ao ar livre?
Um dos principais benefícios é o fato das crianças tomarem banho de sol, fundamental para a produção de vitamina D. Pesquisam também apontam que as crianças que brincam ao ar livre se desenvolvem melhor em todos os aspectos, ficam menos doentes e têm mais concentração.
Como você avalia o contato das crianças com eletrônicos?
Minha recomendação é que as crianças menores de dois anos não sejam expostas à nenhum tipo de mídia eletrônica. Depois dessa idade, deve ser uma exposição cautelosa, até porque fazem com que as crianças não se movimentem. Elas se tornam passivas já que a brincadeira é comandada pelo gráfico. A criança se torna uma processadora de imagens, o que é péssimo. Outro impacto negativo é em relação à formação do banco de cores de cada criança. Uma criança exposta à mídia de LED precocemente fica fascinada pelas cores saturadas e, por não encontrar tal saturação na natureza, acaba por perder o interesse e não criar conexão com o ambiente externo.
Como os pais podem ajudar?
A primeira coisa é largarem o celular e o What¿sApp e pararem de olhar o celular toda hora quando estão na presença dos filhos. As crianças repetem modelos. Dedique um tempo para a criança, sente no chão com ela, se interesse pelos seus assuntos, faça perguntas. A presença física não é suficiente, tem que haver conexão. É preciso manter o olho no olho desde o nascimento, porque é uma forma de saber se o seu filho está conectado contigo.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE