
Vídeo que circula nas redes sociais mostra jovens decepando um corpo. . Denúncias anônimas podem ser feitas pelos telefones 190 e 181 Foto: Reprodução
Vídeo de jovem decapitado demonstra nível preocupante de criminalidade em Joinville, avaliam autoridades
Autoridades que atuam na área criminal de Joinville assistiram ao vídeo que mostra três jovens decapitando um adolescente morto. A polícia investiga se as imagens dizem respeito ao assassinato de Israel Melo Júnior. A cabeça do garoto de 16 anos foi encontrada dentro de uma mochila no bairro Jardim Paraíso, no final da tarde desta terça-feira.
Os profissionais acostumados a lidar com a segurança pública se mostraram chocados com as cenas. Antes mesmo de ter acesso às imagens, o juiz da Vara de Execução Penal, João Marcos Buch, destacou que o caso é grave e uma demonstração de declínio ao respeito às instituições e ao coletivo.
"É indignante, uma afronta", diz secretário de Segurança sobre vídeo
Cúpula de segurança volta a fazer promessas de redução da criminalidade
O magistrado avalia que os casos devem ser apurados e solucionados pontualmente, mas alerta que o problema é mais amplo e complexo. O juiz ressaltou ainda as decapitações divulgadas pelo Estado Islâmico na internet acabam servindo de mau exemplo.
— O Estado Islâmico é facilmente acessado e pode ter servido como terrível exemplo. Mas há ainda a questão das facções. As autoridades e todas as pessoas precisam refletir. Numa sociedade de consumo, em que o ter é mais importante que o ser, em que as esperanças se esvaem no flagelo da violência e da desigualdade social, em que as oportunidades não se apresentam, nesse mundo a juventude fica perdida, sem um norte e sem freios. As instituições, a educação e a família precisam ser valorizadas.
O promotor de Justiça, Ricardo Paladino, também mencionou a violência divulgada pelo Estado Islâmico. No vídeo gravado em Joinville, os garotos tripudiam em cima do corpo e apresentam a cabeça como um troféu.
— Por muito tempo, a segurança pública não foi tratada como prioridade, se permitiu que as organizações criminosas ganhassem corpo, se enraizassem cada vez mais. Por conta disso chegamos a um patamar de criminalidade muito além do inaceitável. Estamos num estado de barbárie.
Pessoas que moram na região estão preocupados com rumos da violência
A juíza Karen Reimer, da 1ª Vara Criminal, ressalta que os jovens são recrutados para cometer crimes graves em razão do pouco tempo de internação previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (máximo de três anos de internação). Ela acredita que a redução da criminalidade depende da punição.
— Apenas a certeza da punição pode diminuir a criminalidade. Isso inclui tanto saber que existe grande chance de ser pego quanto saber que terá que cumprir uma pena severa. Enquanto nossas leis preverem a liberdade como regra para crimes graves e o Estado não construir presídios decentes em número adequado, há poucas chances de reverter este quadro.
— É uma gama de fatores que levam o adolescente para esse meio. A sensação de impunidade, falta de estrutura para investigação e cumprimento das medidas socioeducativas. O ECA é muito garantista, enquanto que deveria ser mais rigoroso. Os pais também têm que ter mais autonomia e precisam ser mais rigorosos na educação dos filhos.
Fonte: A NOTÍCIA