Dados preliminares do Programa Nacional de Imunizações apontam para queda das taxas de coberturas de doses obrigatórias para crianças e que previnem c

SC fica abaixo da meta de vacinação

Os dados preliminares das coberturas vacinais em bebês catarinenses no ano passado são preocupantes. Eles apontam que Santa Catarina não atingiu nenhuma das metas estabelecidas entre vacinas obrigatórias para crianças de até um ano. Além disso, apresenta as piores coberturas desde 2010 nas doses que previnem contra doenças graves, como sarampo e poliomielite.

O balanço prévio foi repassado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC (Dive), com base no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações. O banco, no entanto, ainda está aberto para que os municípios insiram informações, por isso as taxas podem sofrer alterações.
Segundo a Dive, até março os números devem estar consolidados, porém a prévia é indício do que já ocorre em todo país: diminui gradativamente a procura pelas doses. .

Para a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, diversos fatores explicam a queda das coberturas. Um deles é a estrutura de atendimento nos postos de saúde que não se adequou ao perfil da população, com mães que trabalham, por exemplo:
— Não há nenhuma sala de vacinação que abra à noite. No país, a maioria das salas de vacinação abrem em horário comercial e param no almoço. Quando a gente não está tão preocupado com a doença, o movimento proativo de busca da vacina diminui, protela-se, deixa-se para depois.

Ampliar informação é fator essencial

Para driblar essa baixa adesão, Isabella defende, além da adequação dos serviços de saúde, a capacitação dos profissionais que atuam nas salas de vacinação. Ela diz que precisam estar treinados para informar as famílias. Cita como exemplo o mito de que não dá para fazer mais de uma vacina no mesmo dia:
— Não tem nenhum problema. Isso, de que não pode, é um mito. A medida é segura e necessária para garantir a vacinação.

Além disso, há doenças que já foram erradicadas, como a poliomielite. O Estado não registra casos há mais de 30 anos e, desde 1994, o país é considerado livre da doença. Então, por isso as pessoas acreditam que não é mais necessário tomar as doses, afirma Isabella.
A vacina contra a paralisia infantil atingiu apenas 79,5% de cobertura no ano passado em SC, bem inferior à meta de 95%.

Um dos indicadores mais baixos no Estado, no entanto, aparece na tetra viral, que em 2018 atingiu 60,8%, enquanto a meta é de 95%. A dose que previne contra sarampo, caxumba e rubéola e varicela teve o índice mais baixo desde o ano de implantação, em 2013.
Por mais que Santa Catarina ainda não tenha registrado casos de sarampo, o vírus está circulando no país. Do início de 2018 até 8 de janeiro de 2019, o Brasil registrou 10,2 mil casos confirmados da doença.

Cuidado com boatos que sugerem efeitos colaterais exagerados

A gerente de Imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC (Dive), Lia Quaresma Coimbra, acrescenta que informações erradas que circulam sobre a vacina e seus efeitos também prejudicam a adesão, além do abandono das vacinas multidoses, aquelas que necessitam de reforço, como a pentavalente.
A nutricionista Mariana Gascue de Alencastro, mãe de Eduardo, de um ano e três meses, conta que está com a caderneta dele em dia e que as doses foram fundamentais para evitar doenças contagiosas no pequeno, que frequenta o berçário desde os cinco meses. Ela acredita que é fundamental estar bem informada sobre o tema.

— O mais importante é pedir orientação do pessoal da saúde, porque hoje tem muitas informações falsas circulando. Aí as pessoas acham que vacinação não é aliada, que faz mal.
A taxa mais alta de vacinação em SC foi da BCG, que previne contra tuberculose: 82,1%. Mas não atingiu a meta. A dose é aplicada na maternidade, o que explica o índice mais alto. Lia acredita que, com a consolidação dos dados, o Estado deva bater a meta de 90%.

Sem proteger todos, SC fica mais exposto a doenças antes controladas

O pequeno Nuno Cabreira Konig, de apenas um ano, aguardava em um posto de saúde em Florianópolis para tomar as quatro doses obrigatórias à idade dele. A mãe, Underléa Cabreira, diz que no começo ficava receosa com a quantidade de doses a serem aplicadas. Mas diz que agora fica mais tranquila com a imunização.
— É fundamental, necessário e enfrentamos com eles. Ele teve pouca reação, mas se tivesse, compensa porque as doenças são muito piores do que uma febre — completa a professora.

A médica pediatra Andréa Benincá de Almeida lembra que, como o Estado não atingiu as metas, há maior exposição da população às doenças infecciosas e com isso mais riscos.
— Uma criança não vacinada pode contrair uma doença, sarampo por exemplo, e contaminar outra que não tenha se imunizado ainda, já que a vacina é feita somente com 12 meses. Portanto, bebês fora da faixa etária das imunizações ficam expostos às doenças que podem ser transmitidas por alguém não vacinado.

Ou seja, além da proteção individual, a vacinação também é importante para garantir a prevenção coletiva de doenças e proteger bebês que ainda não foram protegidos. Mesmo em doenças consideradas menos graves, como coqueluche, que em adultos seria como uma gripe, em recém-nascidos pode representar risco sério à saúde, alerta Andréa.

Fonte: Dive-SC, com dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações/Datasus
Fonte: Diário Catarinense

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