Gravações revelam pressão para professores pagarem metade de bolsas a coordenadores do EaD na UFSC

Uma das frentes da investigação da Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU) trata sobre o repasse de bolsas do programa Educação à Distância (EaD) para professores que ocupavam cargos de direção na UFSC. Transcrições de conversas gravadas em vídeo por um dos professores bolsistas anexadas ao inquérito revelam como os coordenadores pressionavam os docentes para devolver metade dos valores recebidos de projetos da fundação Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). As transcrições foram incluídas no despacho que a PF encaminhou para a Justiça Federal para justificar os pedidos de prisões temporárias e conduções coercitivas aplicados na deflagração da operação Ouvidos Moucos, na quinta-feira (14), que apura fraudes em pagamentos de programas de ensino à distância na UFSC responsáveis por um orçamento de mais de R$ 80 milhões entre 2008 e 2016.

Testemunha citada no inquérito, o professor Martin Petroll, do curso de Administração a distância, afirma que foi orientado a depositar metade da bolsa que recebeu após ministrar um seminário em Lages, em 2015, na conta bancária do professor Rogério da Silva Nunes, então coordenador do Núcleo Universidade Aberto do Brasil (UAB). A orientação foi dada pelo professor Roberto Moritz da Nova, responsável financeiro pelo Lab Gestão. Em conversa realizada em 15 de outubro de 2015, o professor Martin questionou o pagamento e chegou a perdir um documento para explicar o repasse ao MEC, mas Roberto afirma que "não tem como justificar" e também menciona que a prática seria um "acordo de cavalheiros entre os professores". O encontro foi gravado e Martin entregou o arquivo de vídeo para a PF.

No dia 11 de novembro daquele ano, Martin grava outra conversa, desta vez com o coordenador Rogério da Silva Nunes, que então explicou ao professor que não teria como entregar um comprovante do depósito ao professor e que essa prática era comum em outros departamentos e projetos da UFSC.

Roberto Moritz da Nova e Rogério da Silva Nunes foram presos na quinta-feira juntamente com o reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo e outros quatro professores, quando a operação Ouvidos Moucos foi deflagrada pela PF. A prisão temporária foi relaxada pela juíza Marjôrie Cristina Freiberger na noite de sexta-feira. Mesmo soltos, todos estão proibidos de retornar aos seus cargos ou mesmo de entrar em prédios da UFSC até o final das investigações.

O advogado de Roberto Moritz, Gabriel Alvarez, disse que teve acesso ao inquérito na sexta-feira, que prestará todos os esclarecimentos nos autos e que ficará provada a inocência do cliente dele. A reportagem não obteve contato com o advogado de Rogério Nunes.

DCSC
A.M

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